Alentejo, 2004.
Tinto, Trincadeira, Aragonez e Castelão.
Um vinho claro, grená com levíssimos toques violáceos na borda. Aroma vínico pouco pronunciado. Um vinho muito leve, com pouco corpo, pouca acidez, taninos macios, pouca persistência. Um vinho comum, sem muita personalidade, mas agradável, e com um ótimo custo benefício. Pagamos uns R$ 13 na SuperAdega (Brasília).
Este vinho me lembrou a descrição do antigo clarette, vinho francês da região da Gasconha que era muito exportado no século XVIII como uma opção mais barata e de menor qualidade em relação ao Bordeaux. O Clarette é descrito como um vinho claro, de pouco corpo, simples e "meio aguado". É interessante constatar que o Borgonha era um vinho para consumo interno na França, ao passo que o Bordeaux sempre foi um vinho para exportação.
Bem, vou aqui dizer sobre minha preferência pessoal, claro, com algum preconceito, que todos nós temos... melhor ter preconceitos com os sabores do que preconceitos de outra natureza... O Bordeaux era um vinho que agradava ao paladar inglês, que diga-se de passagem, nunca foram bons entendedores de vinho, e já o Borgonha sempre foi apreciado pelos franceses, que sempre foram ótimos entendedores de vinho. Isso quer dizer que o Borgonha ficava na França por ser o melhor vinho, e o Bordeaux, um vinho forte e e concentrado, bem ao gosto dos bretões, era exportado em grandes quantidades.
No entanto na história o Bordeaux acabou ficando muito mais famosos que os Borgonhas, uma vez que tinha o reconhecimento "internacional", e hoje é sempre considerado pelo senso comum como o "melhor vinho do mundo", mas esta foi uma "tradição inventada" pelos importadores ingleses muito mais pelo seu próprio gosto do que pela qualidade do vinho em sí.
Bem, para concluir, sempre achei o Borgonha superior ao Bordeaux, desde quando tomei os primeiros vinhos, e continuo achando hoje. Sem desprezar a qualidade do Bordeaux, rico em aromas, mas elogiando a delicadeza e elegância dos Borgonhas, que superam todos os vinhos do mundo em tudo.